sábado, 17 de janeiro de 2009

Desencontros


“Porquê?” ela não queria acreditar. O rapaz que até há pouco tempo lhe parecera um sonho inatingível, estava vermelho, envergonhado, escondido.
“Porque dizes isso?” voltou a perguntar.
“Olha, já te disse.” Ele, corado, estava nervoso, muito.
“Mas eu ainda não acredito.” Ela sentia-se feliz, mas ao mesmo tempo confusa.
“Não acreditas? O que é que não acreditas?”ele escondia as lágrimas. “Não acreditas que eu goste de ti?” Exagerava no tom de voz, quase berrava.
“Sim, penso que sim…” Ela quase sussurrava.
“Pensas? Quem não acredita, sou eu. Não acredito que me apaixonei por ti, e agora que arranjei coragem para te contar, tu não reages.” Chorava agora, e isso despertou nela ainda mais emoções.
“Sabes, eu…”
“Chega! Não digas mais. Eu não quero que a nossa amizade se perca porque eu gosto de ti.” Já não se controlava e então decidiu:” “Vamos esquecer o dia de hoje… Vamos tentar!” Chovia há bastante tempo, mas nenhum deles notava. As suas atenções estavam presas no outro. As gotas de chuva diluíam as suas lágrimas.
“Mas…” Ela voltava a tentar.
“Não a sério. Vamos esquecer isto. Até amanhã!” Voltou costas e partiu, os olhos inchados e as lágrimas incontroláveis.
“Eu também te quero junto de mim!” Foi emotivo, mas não passou de um sussurro. Ela continuava sem coragem para lhe contar e agora ele estava mais longe. Era uma sombra apenas ao fundo, e ela chorava. Perdera-o, conseguia senti-lo. Fora de vez.

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