sexta-feira, 19 de junho de 2009

em segundos


uma fogueira a crepitar. à noite, um grupo de amigos em volta da fogueira. cantam uma música a que cada um deles dá um significado, um sentimento diferente. a mim dá-me saudade, nostalgia. não sei porquê mas dá...
conversas paralelas vão-se passando e à medida que as chamas se extinguem, todos os membros deste grupo se vão deitando e abandonando o círculo. fico eu, sozinho, olhando a brasa que outrora fora uma bela chama que nos aquecia. a música ainda na cabeça. deito-me e olho o céu estrelado. tento unir cada um dos pontos luminosos de modo a criar figuras mentais, mas esta tarefa torna-se impossível. levanto-me. apercebo-me que, apesar do sono, não conseguirei dormir e decido andar. no meio daquela floresta deixo que a lua me guie para onde me quiser, ela será a minha guia, com todo o seu brilho e esplendor. majestosa, única. sento-me junto a um grande pinheiro, no ar um estranho cheiro a terra molhado, um cheiro característico e relaxante. no ar o som das folhas a serem agitadas pela brisa, passos... passos? - o lado esquerdo do peito acelera o seu batimento, a ansiedade... e depois, uma mão que se pousa no meu ombro. um toque caloroso, um toque que eu não reconhecia. olho para trás e surpreendo-me por te ver. -que fazes por aqui? -não tinha sono. -assustaste-me, pensei que todos estivessem a dormir. -pois, eu reparei que alguém andava por aí e vim averiguar quem seria, estas bem? -sim, estou, precisava apenas de andar a pé, de interiorizar certos sentimentos, e tu? -eu estou bem, quer dizer... nunca terminaste aquela frase, não pudeste, nem eu te deixei nem tu o conseguiste. naquele momento olhei-te, os nossos olhares cruzaram-se e não mais se largaram. por segundo, que pareceram horas, ambos sentimos algo a crescer dentro de nós. por momentos, a brisa amena parou, os sons exteriores pararam e ficamos só nós. a música já tinha abandonado a minha mente, e agora só lá estavas tu, inesperadamente. ali estava eu, tentando esquecer algo de passado e de repente vi todo o meu futuro nos teus olhos. toquei-te a face, de forma muito tímida e senti-te estremecer. fomos um por momentos, o mesmo sentimento, a mesma intensidade, tudo igual. foi então que a chuva começou. primeiro umas gotas solitáris, depois uma chuva forte, uma chave que não foi capaz de arrefecer o que entre nós se passava. e então, tu beijaste-me. ainda hoje não sei explicar o que se passou, ainda hoje esse se mantem o momento mais excitante da minha vida. amei-te em segundos, porque tu me compreendeste, porque me deste abrigo incondicional. adormecemos nos braços um do outro, com a chuva a cair, mas com a protecção, o abrigo de um abraço forte e quente. até hoje, ninguém nos encontrou ainda, continuamos na nossa floresta, só os dois, num eterno abraço que nos alimenta, e que acima de tudo nos protege de todos os que nos tentam destruir. amei-te em segundos.

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