"Sim, estou a ligar para saber como estás!"
"Estou bem, muito obrigada!" Ela falava num tom mais leve.
Tinha sentido saudades dele, no entanto não lhe ligara para que não parecesse desesperada. No entanto, a sua voz denunciava-a.
"Olha... Hmmm... Não queres vir ter comigo?" a voz dele era hesitante, como se estas fossem as suas primeiras palavras.
"Agora? Mas nem estou preparada e tenho tanto que fazer..." Ela parecia contente pelo convite, mas tentara fazer-se difícil com aquele rapaz que tanto lhe era
"Ah! Está bem." Ele sentia-se desiludido, mas no fundo aliviado por não ter que a enfrentar. "E se for noutro dia? tipo, amanhã?"
"Amanhã? Sim, talvez dê." Quase chorava de alegria.
"Então, amanhã! Penso que temos de falar sobre nós."
"Nós? Como assim? Somos amigos, não é?"
"Sim!" A voz dele sumiu. "Claro, amigos. Que mais?"
"Pois, que mais..."
"Bem até amanhã, no parque!" Ele parecia inseguro, desgostoso.
"Até amanhã..." Ela tinha na voz um sentimento de tristeza, contrastante com a alegria sentida momentos antes.

Ele, que descobrira amá-la no momento em que a deixou sozinha, dias antes, perdeu toda a coragem de lho dizer.
Ela, que sentia um turbilhão de emoções desde o dia em que não tivera coragem de lhe contar o que a atormentava, continuava sem coragem, pois os pensamentos eram os mesmos. Ela pensava nele, e só nele.
Ambos se sentiam junto de um abismo.
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