domingo, 1 de fevereiro de 2009

Porquê?


Fernando Pessoa falava na dor de pensar. Seria um génio, que se dividiu em vários fragmentos? Seria um louco, que se dividiu em vários fragmentos? Seria um drogado, que se dividiu em vários fragmentos?
Eu iria para a opção de génio. Pessoa, tal como outros noutras alturas, era um iluminado mas incompreendido. Alguém que pensava mais à frente, que pensava melhor, mas que era visto como uma aberração.

Van Gogh? John Forbes Nash?
Dois génios, a quem não deram o devido valor e que desvalorizaram ao aperceberem-se da sua condição.
A verdade, é que as pessoas que se encontram nesses planos avançados muitas vezes não têm capacidade para lidar com tal avanço. Um génio, no verdadeiro sentido, sofre. Sofre porque pensa tanto que acaba por criar fantasias, mundos, que são só seus. Mundos irreais e que muitos entendem como esquizofrenia, ou outra doença psíquica.

Voltando ao início, Fernando Pessoa é alguém que admiro. Ele dividiu-se e mesmo assim, cada uma das suas "partes", personalidades, era independente. Cada um tinha a sua história, a sua vida, os seus receios.
Ricardo Reis, o meu preferido, era um poeta, um amante da literatura, que preferia o amor platónico, ao amor carnal para evitar desgostos. (serás tu capaz disso nos dias de hoje? Eu não sou, por enquanto, mas gostava de alcançar tal estado!)
Álvaro de Campos, um sofredor, passou por várias fases, mas todas denotam um sentimento de fúria, mal estar, vazio.
Alberto Caeiro, o Mestre, era um camponês, tinha uma escrita simples, no entanto, era a base de todos os outros. Porquê? Porque ele era o que estava mais perto do não-pensamento. Ele, que tanto procurava os prazeres da natureza e da vida rural, ele que descrevia as ceifeiras inocentes, Ele, O Mestre, pensava na ausência de pensamento, e com isso sofria tanto como os outros.

A verdade é que os pensamentos não desaparecem. A verdade é que a vontade de pensar é grande e não é nenhuma. A verdade é que alguns têm demasiado para aquilo que podem almejar e por isso transbordam. A verdade é que a resposta está lá, no exterior. Cabe-nos a nós encontrá-la, e para isso é necessária muita vontade, e apoio.

A todos Muito Obrigado.

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