domingo, 13 de dezembro de 2015

No meio do nevoeiro

Naquele dia, ela chorou. Chorou porque estava perante um pôr do sol espetacular e ela não estava lá. Aquele momento, em que rodeado de casais apaixonados, ele esteve sozinho a ver o sol descer sobre o horizonte, foi um momento difícil. Porque a beleza estava lá e devia ser apreciada, mas ela não e ele sentiu de repente que nada poderia ser verdadeiramente aproveitado sem ela.
Tirou a foto ao sol, às cores laranja do céu e desejou tê-la consigo. Aí chorou: a fotografia tinha um fundo, mas não estava lá ninguém.

Uma semana depois, em vésperas de voltar a vê-la, tocá-la, beijá-la, ele chorou. Nesse dia não foi pela paisagem, mas pela falta dela. Ou talvez... Essa falta de paisagem adiou o reencontro. Adiou o momento em que voltaria a ver o seu sorriso. Mais, esse nevoeiro que se levantou afastou a hipótese de ambos fugirem do seu mundo, para um local de sonhos, de cores, de felicidade.
Custou-lhe vê-la entristecer perante a inevitabilidade do destino, e por isso chorou.

Aprendeu nesses dias que ao amar alguém, é difícil tirar verdadeiro prazer do que a vida oferece sem ela estar do seu lado, e por isso decidiu que lhe quer mostrar tudo. Quer partilhar tudo. Todos os locais, os pensamentos loucos, os devaneios, tudo. Simplesmente quer estar com ela. E só voltará a sorrir quando ela souber o que ele sente, sem ele alguma vez lho ter dito. Pois só então os gestos terão significado.

PNPM

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